Meu Deus eu creio em vós!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


A ESCADA DA MINHA VIDA
Parte III
Dos 12 anos até aos 14...15

12 anos...pré adolescente...ainda gostava de brincar, por entre os ralhetes da minha mãe e da minha avó materna que vivia connosco e a quem eu por vezes pregava algumas partidas...coitada ela já era velhota, mas eu divertia-me em arreliá-la...sem que a minha mãe soubesse, claro. Naquele tempo com a minha idade as raparigas começavam a ser preparadas para serem boas donas de casa...mas eu não estava muito para aí virada...trabalhos domésticos era uma coisa que fazia contrariada. Era filha única, os meus pais tinham uma terra que amanhavam, mas não me obrigavam a trabalhar no campo...só de vez em quando. Assim lá fui aprendendo os trabalhos domésticos...que remédio! Aprendi a cozinhar, a tratar da roupa, a limpar,etc...entre isto, tinha que saber costurar, bordar, fazer renda, como se chamava lá na terra  ao croché, etc. etc. etc. Para os meus pais a ideia de ir estudar era muito remota, mas eu fazia questão de lhes  lembrar de vez em quando. Qual serviço doméstico, eu era diferente das outras raparigas e pronto...amava ler, tudo...desde a mini biblioteca que me fora oferecida pelo ministério da educação de então, como prémio de boa aluna, a qual eu lia e relia, quase que já sabia os livros de cor...também pedia à minha mãe, que quando fosse à cidade me trouxesse o jornal. Em casa não havia rádio, e foi assim que me lembro de ter tido conhecimento da campanha de Humberto Delgado do desvio do Santa Maria, da invasão da Índia e do começo da guerra em Angola. As raparigas do meu tempo, queriam lá saber disso...queriam era bailes e namorar...eu não, que fazer? Com 14 anos já tinha lido parte dos clássicos portugueses, desde Camilo Castelo Branco a Júlio Dinis, Trindade Coelho, Almeida Garrett, Eça de Queiroz, etc. Tudo livros emprestados. Tinha lido praticamente as obras completas...adquiri assim uma cultura geral superior à média das pessoas com quem convivia...mas como a minha mãe queria que eu fosse uma boa dona de casa...havia sempre uns ralhetes pelo meio...e os livros escondidos no cesto da costura debaixo do trabalho que estava a fazer...a minha mãe voltava costas e pronto lá ia eu buscar o livro para mais uma leitura. E quanto à minha fé?...pois, não praticava, não ia à missa, não frequentava os sacramentos, rezava pouco, mas apesar disso tinha fé... só andava afastada da sua prática. Lembro-me de ver a minha avó rezar, a minha mãe de vez em quando...todavia, por volta dos 15 anos a minha vida mudou totalmente, após o falecimento prematuro da minha avó...foi como que uma conversão...já tinha mais idade, mais sentido de responsabilidade, e quanto à parte religiosa comecei a interessar-me mais pelas leituras espirituais...e nada voltou a ser igual para mim...coloquei Deus no centro da minha vida...mas esta parte será outro lance de escadas...

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